
Da esquerda para a direita: Mary Jackson, Katherine Johnson e Dorothy Vaughan com suas respectivas intérpretes em “Estrelas Além do Tempo”. Fonte: Disneyplusbrasil
O filme “Estrelas Além do Tempo” (2016) celebra a história de três mulheres excepcionais cujas contribuições foram fundamentais para o avanço da ciência espacial e da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, representadas brilhantemente por Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, respectivamente, foram pioneiras em um campo dominado por homens e suas trajetórias merecem ser lembradas como um exemplo de coragem, inteligência e determinação.
As trajetórias de Katherine, Dorothy e Mary não foram fáceis. Elas enfrentaram o racismo e o sexismo de frente, muitas vezes sendo subestimadas e ignoradas. No entanto, elas nunca se deixaram abater. O filme “Estrelas Além do Tempo” mostra como essas mulheres desafiavam as expectativas da sociedade, quebrando barreiras não apenas no campo da ciência, mas também na luta pela igualdade de direitos.
Em um contexto histórico de segregação racial, essas três mulheres se destacaram como modelos de perseverança. Elas foram uma inspiração para futuras gerações de mulheres, especialmente para as mulheres negras, que agora podem se ver representadas em áreas como engenharia, matemática e física.
Katherine Johnson: A Matemática que Fez a Diferença
Katherine Johnson foi uma matemática brilhante cujos cálculos precisos garantiram o sucesso de missões espaciais cruciais, incluindo o primeiro voo orbital tripulado dos Estados Unidos, com John Glenn, e a famosa missão Apollo 11, que levou o homem à Lua. Mesmo sendo uma mulher negra em uma sociedade profundamente segregada, Katherine superou os desafios de uma educação limitada pela discriminação racial e de gênero. Sua mente afiada e sua persistência em alcançar a excelência a tornaram uma das cientistas mais respeitadas da NASA. A equação que ela desenvolveu para calcular a trajetória das espaçonaves não apenas salvou vidas, mas também possibilitou a exploração do espaço.
Dorothy Vaughan: A Pioneira da Programação
Dorothy Vaughan foi uma das primeiras mulheres a trabalhar como “computadora humana” na NASA, um cargo que envolvia cálculos manuais complicados. No entanto, sua grande contribuição foi no campo da programação de computadores, um setor que estava apenas começando a se desenvolver. Quando a NASA começou a usar os primeiros computadores eletrônicos, Dorothy se adiantou e aprendeu a linguagem de programação FORTRAN, tornando-se uma especialista em uma tecnologia emergente.
A habilidade de Dorothy em se adaptar às mudanças tecnológicas e sua liderança no desenvolvimento da programação ajudaram a consolidar sua importância dentro da NASA. Ela não apenas abriu portas para outras mulheres, mas também garantiu que a divisão de “computação humana”, onde as mulheres negras eram majoritárias, fosse transformada em uma equipe de programadoras que moldaram o futuro da computação.
Mary Jackson: A Engenharia que Rompeu Barreiras
Mary Jackson, a primeira mulher negra a se tornar engenheira na NASA, teve que enfrentar obstáculos significativos em sua jornada. Além de lidar com o preconceito racial e de gênero, ela também teve que lidar com a resistência institucional para obter a educação necessária para avançar em sua carreira. Ao longo de sua trajetória, Mary tornou-se uma defensora das mulheres e das minorias no campo da engenharia, dedicando-se a mentorizar jovens estudantes que, como ela, queriam seguir carreiras científicas.
Mary foi fundamental no desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais, trabalhando diretamente em projetos que envolviam a melhoria das condições de voo e a segurança dos astronautas. Ela também se tornou uma defensora ativa dentro da NASA, lutando pela diversidade e incentivando mulheres e afrodescendentes a se envolverem em áreas científicas e técnicas, que eram, na época, predominantemente masculinas e brancas.
Legado e Reconhecimento
Hoje, as contribuições de Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson são amplamente reconhecidas e elas são celebradas não apenas como cientistas brilhantes, mas também como figuras centrais na luta por justiça social. Katherine Johnson recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria civil dos Estados Unidos e as outras duas também receberam reconhecimento póstumo por suas contribuições históricas. O legado delas transcende a ciência, mostrando que, mesmo em tempos de extrema adversidade, a força de vontade e a inteligência podem mudar o curso da história.
Essas mulheres são, sem dúvida, estrelas além do tempo — suas vidas e legados são uma prova de que a ciência e a justiça social podem, e devem, andar juntas.


