Mulheres que inspiram – Camila Santana

Nossa série especial de entrevistas continua trazendo histórias de mulheres incríveis que estão deixando sua marca. Hoje, temos a honra de apresentar Camila Santana, profissional que compartilha sua experiência e paixão pela área através do seu perfil no LinkedIn. Nesta entrevista, Camila fala sobre sua trajetória, os desafios que enfrentou, suas conquistas, aprendizados.

Entrevistada: Camila Santana
Formação: Extensão Executiva em Modelos de Gestão e Clima Organizacional, FGV.
Extensão Executiva em Coaching e Mentoring, FGV.
MBA em Gestão Estratégica de Pessoas, UNICSUI.
Superior de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, UNIP.
Atuação: Área de Recursos Humanos

Quais foram os principais desafios que você já enfrentou na sua trajetória até hoje que ficou marcado?
Ao longo da minha carreira, enfrentei desafios significativos que moldaram minha trajetória profissional. Um obstáculo recorrente tem sido o machismo estrutural em algumas instituições, que frequentemente criava um ambiente de trabalho desigual. Também me deparei com situações de concorrência desleal, onde o mérito não era o único fator de progressão.

Outra área crucial que precisei tratar para evoluir foi a falta de autoconhecimento. Isso dificultava a identificação das minhas forças, fraquezas e verdadeiras aspirações de carreira. Por fim, um grande entrave foi trabalhar com gestores que careciam de habilidades eficazes de gestão de pessoas, resultando em ambientes improdutivos e crescimento limitado.

Cada um desses desafios, me proporcionou lições valiosas e contribuíram para minha resiliência e desenvolvimento profissional.

Quais estratégias você considera mais eficazes para atrair e selecionar talentos diversos, com foco em inclusão de gênero e pluralidade?
Para impulsionar a diversidade e inclusão nas empresas, eu começaria com um diálogo aberto e baseado em dados com a alta gestão. O objetivo é conscientizá-los sobre como um ambiente verdadeiramente diverso e representativo impulsiona a inovação e é essencial para o negócio.

Em seguida, seria crucial analisar a composição atual da força de trabalho da empresa, considerando gênero, raça, idade, orientação sexual, deficiência, entre outros. Este estudo inicial é a base para entender a realidade da empresa e planejar ações eficazes.

Com base nessa análise, implementaria uma série de iniciativas: vagas afirmativas, formação de grupos de afinidade, recrutamento focado em diversidade, e programas de desenvolvimento de habilidades técnicas para grupos em vulnerabilidade social.

É importante ressaltar que a diversidade é um tema complexo. Requer atenção, intencionalidade, liderança engajada, uma estrutura adequada para promover a equidade e, acima de tudo, um ambiente seguro e respeitoso. Minha abordagem resume as ações prioritárias para enfrentar esse desafio ainda presente em muitas organizações.

Qual é sua maior realização em conectar as áreas de negócio às iniciativas de desenvolvimento humano?
Meu maior prazer em fazer essas conexões se resume em criar ambientes humanizados, de diálogo aberto e com resultados mais expressivos para as organizações. Acredito fortemente que pessoas engajadas (que se sentem valorizadas e sabem o quanto seu trabalho é importante) entregam melhores resultados e impulsionam os negócios.

Você já implantou alguma iniciativa para melhorar a experiência do candidato, como onboarding, feedback contínuo ou programas de acolhimento?
Sim, desde que iniciei minha carreira na área de Recursos Humanos lido com esses temas e tenho cases de sucesso em relação a eles.

É importante ressaltar que de acordo com a realidade e os recursos que as empresas disponibilizaram para tratar desses temas desenvolvi meu trabalho. Nenhum dos temas citados acima é tratado da mesma forma em todas as empresas. Infelizmente, ao meu ver, algumas empresas não dão a devida atenção para algumas dessas frentes, mesmo sabendo que são de extrema importância.

Na sua função de consultora, que dicas você daria para meninas que querem ingressar na tecnologia e ainda se sentem inseguras sobre habilidades técnicas?
Continuem estudando, construam uma boa rede de contatos (networking é extremamente importante para conseguir boas oportunidades), mantenham seus mentores por perto (a experiência muitas vezes vence a teoria), sejam humildes (a vida é sobre aprender a todo momento), resilientes e entendam que ninguém além de vocês é responsável pelas suas carreiras. Se respeitem, se cobrem de forma realista a realidade de vocês, não desistam e se arrisquem! Somos mulheres, somos fortes e podemos chegar aonde desejarmos se nos esforçarmos muito para isso!

O que para você é mais desafiador entre atrair, selecionar e encantar o candidato e como você equilibra esses três eixos?
Acredito que encantar o candidato é a parte mais desafiadora do processo, principalmente se a pessoa candidata for muito boa no que ela faz e souber disso!

Quem é bom no que faz, sabe seu valor, sua entrega e tem bem definidos seus limites, sendo assim, antes de ser escolhido, escolhe!

Como mãe, que competências você percebe como essenciais para promover uma cultura de aprendizagem contínua e resiliência em profissionais iniciantes?
Ser mãe me ajudou muito em vários aspectos, principalmente no meu amadurecimento e resiliência. Sendo assim, acredito que uma gestora que é mãe e desenvolve essas habilidades, consegue olhar para um time de iniciantes com muito mais empatia e disposição para ensinar o que for necessário. Já passei por isso, e muitas vezes o trabalho que eu tinha para desenvolver essas pessoas era desafiador, até por questões geracionais. E ter um gestor que se importa verdadeiramente com o time e entende que gestão é servir/ direcionar e não simplesmente mandar, facilita muito na questão da aprendizagem e na resiliência de profissionais iniciantes, pois, eles sabem que terão com quem contar.

Existe algum projeto ou iniciativa que você idealizou e se orgulha de ter entregado? Pode contar um pouco deste case de sucesso?
Sim, tenho alguns dos quais me orgulho bastante. Porém, irei focar em um e o apresentarei de maneira simplista devido a suas complexidades.

Foi um projeto que desenvolvi em um banco digital que trabalhei, ele se baseava em um assessment a nível organizacional e através dele conseguimos tratar questões de autoconhecimento dos colaboradores, desenvolvimento, liderança, clima e cultura e ter insights para trazer melhores resultados para a organização. Esse projeto eu desenhei, treinei o time, levantei e analisei todos os dados (no excel, socorro rs), montei os books, apresentei os resultados para as lideranças e junto com o time demos feedbacks para todos os colaboradores.

Esse projeto foi um divisor de águas para a organização, se tornou semestral, foi automatizado nas versões posteriores e economizei milhares de reais para a organização, visto que é o tipo de trabalho que se contrata consultoria externa para fazer. Inclusive dei treinamentos de DISC online para todos da instituição, visto que ele foi a ferramenta base para esse mapeamento que desenvolvi.

É importante dizer que não foi a primeira vez que conduzi e estruturei esse tipo de trabalho, porém, esse foi o mais robusto.

Que conselho você daria para as mulheres que atuam especialmente em tecnologia, mas ainda têm dúvidas se esse é o lugar certo para elas?
Você ama o que você faz e sente que encontrou sua “vocação”? Você se vê atuando nesta área daqui há alguns anos? Você tem planos de continuar se desenvolvendo nessa área?

Se você respondeu sim para essas perguntas ou para a maioria delas, continue tentando e se preparando! Seu lugar é onde você deseja chegar e se sente bem para isso! A vida não é fácil e todas nós temos desafios, porém, desistir de tentar não é uma opção para quem sabe onde quer chegar e tem sonhos para realizar.

Sei que você gosta muito de ler, quais livros ou autoras você recomenda para o empoderamento feminino?
Sim eu amo ler! A leitura me ajuda bastante e me lapida aos poucos.

Sendo muito sincera, já li bastante sobre feminismo e a autora que eu mais consumi conteúdos sobre feminismo e principalmente com um olhar voltado para a mulher negra foi Bell Hooks.

Porém, acredito que o foco para uma mulher se empoderar não seja apenas focar só nesse tipo de conteúdo e sim adquirir autoconhecimento, visão de negócios, desenvolver senso crítico entre outros temas relevantes.

Vinculado a alguns desses temas, trago algumas sugestões de livros:

  • A coragem de ser imperfeito da Brené Brown (ele ensina que vulnerabilidade não é fraqueza).
  • Mindset, a nova psicologia do sucesso da Carol S. Dweeck (ele te ensina sobre mentalidade, sobre tipos de pensamentos e como isso afeta a nossa vida).
  • Faça acontecer – Mulheres, trabalho e a vontade de liderar da Sheryl Sandberg (esse livro fala do papel da mulher no mundo do trabalho, spoiler: ela trabalhou no Google e no Facebook).
  • Wonder Womem da Sam Maggs (conta a história de 25 mulheres inovadoras, pioneiras e inventoras).
  • Scrum a arte de fazer o dobro na metade do tempo do Jeff Sutherland (já que estou falando com mulheres de Tecnologia, nada como um livro sobre a base de uma das metodologias mais utilizadas no ágil).
  • Qual é a tua obra do Mario Sergio Cortella (é sempre bom refletirmos sobre gestão, liderança e ética. Inclusive já dei esse livro para alguns gestores ao longo da minha carreira).
  • Bíblia Sagrada- Versão ARA ou NVI (não sei no que você acredita, porém, é daqui que eu tirei e tiro meus maiores aprendizados e reflexões sobre todas as áreas da minha vida, principalmente em relação ao meu valor. A Bíblia me ensina todos os dias que eu sou muito amada e que a minha vida é valiosa e não há nada que me fortaleça mais do que isso!)

Qual mensagem você pode deixar para as meninas que fazem parte do projeto Programe como uma Garota?
Aproveitem a jornada, tenham foco, tracem pequenos objetivos diários ou semanais para que possam perceber a sua evolução e nunca deixem de estudar.

Quanto mais aprendemos, mais devemos ter a humildade de entender que nunca será o suficiente, sempre irão surgir novas oportunidades de aprendizado e com elas novas possibilidades. Se você chegou até aqui e conseguiu uma vaga no Programe Como uma Garota, não desista, vai dar certo!

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